QUEDAS SURPREENDENTES


Quedas do Lúrio, Moçambique, Março de 2003 / Foto: Luís Filipe Catarino

Olhando o mapa , descendo de Pemba em direcção à Ilha de Moçambique, uma expressão inglesa (o mapa era sul-africano) intrigava-me e instigava-me a insistir com os nossos anfitriões para que fôssemos até àquele ponto: “Lurio Falls”.
Já me tinha dado por vencido porque o caminho estava impenetrável naquela época do ano e, diziam-me, nem o mais valente jipe lá chegaria (pois não conhecem a valentia do meu Rocinante!), assim, no dia seguinte lá esvoaçámos então a caminho da ditosa Ilha, avistando do alto praias de sonho, uma pequena parte de um litoral de 3000km que Moçambique detém, quase virgem, à espera que o Homem não o estrague, já sabedor dos erros dispersos pelo planeta.
O piloto do teco-teco era neozelandês (ora bem!) e tornou-se meu aliado ali a não-sei-quantos-pés de altitude, na tarefa de ver o que seria aquilo no mapa, e que obrigava a um pequeno desvio na rota aérea traçada.
Pelo GPS andávamos próximo e realmente seguíamos o leito de um rio barrento, onde mulheres lavavam a roupa e o gado se refrescava, e que ganhava caudal à medida que nos afastávamos da foz.
E assim, sem aviso a imponente cascata enche-nos o olhar, e o ribombar da água fez de nós miniaturas mais uma vez espantadas com a Natureza.