DEFENESTRAR




7 de Novembro de 1996 e 31 de Janeiro de 2007 / Fotos: Luís Filipe Catarino

Defenestrar e defenestração sempre foram palavras que me suscitaram curiosidade. Não é que me queira atirar de alguma janela, mas acho que é uma daquelas formas “à antiga” de provar que acabou alguma coisa: uma traição, um jugo, uma dívida. A nossa Restauração foi assim, e os símbolos do Domínio Filipino lá foram pela janela: a Duquesa de Mântua (bela terra cheia de nevoeiros) e Miguel de Vasconcelos, o Escrivão do Reino.
Os pertences de Vasco Santana no filme “A Canção de Lisboa” também são eles defenestrados por ele não pagar as contas.
Talvez uma das mais famosas seja a “Defenestração de Praga” em que católicos foram atirados pela janela e sobreviveram, segundo eles, por intervenção divina, e segundo os protestantes, por terem caído em cima de um monte de estrume.
Pois eu gosto mais de usar as janelas para capturar silhuetas, como a da primeira foto que me deu o “Prémio Fuji” em 1997. Curiosamente este prémio deu-me o dinheiro para a entrada da casa onde vivo e na qual, triste curiosidade, tive um incêndio dois anos depois. Quando cheguei a casa encontrei no estacionamento páginas dos meus livros de culinária que tinham sido, digamos, defenestrados pelo fogo.

Comments 1